HISTÓRICO DA REDE PUXIRÃO

A emergência de identidades coletivas no Brasil nas últimas décadas tem revelado a existência de diversos grupos étnicos, organizados em movimentos sociais, que buscam garantir e reivindicar direitos, que sempre lhes foram negados pelo Estado. Desta forma, compreendem-se sem exaustão os motivos para o qual um país tão diverso em sua composição étnica, racial e cultural, a persistência de conflitos oriundos de distintas visões de mundo e modos de vida, que desencadeiam desde o período colonial, lutas pela afirmação das identidades coletivas, territorialidades especificas e reconhecimento dos direitos étnicos.



Na região Sul, especialmente no Paraná e Santa Catarina, a invisibilidade social é uma das principais características dos povos e comunidades tradicionais. Até pouco tempo atrás, a inexistência de estatísticas e censos oficiais fez com que estes grupos elaborassem seus levantamentos preliminares numa tentativa de afirmarem sua existência coletiva em meio a tensões, disputas e pressões que ameaçam seus diretos étnicos e coletivos garantidos pela Constituição Federal de 1988 e, diversos outros dispositivos jurídicos infraconstitucionais[1].



Destas demandas surge, na região Sul, a Rede Puxirão dos Povos e Comunidades Tradicionais, fruto do 1º Encontro Regional dos Povos e Comunidades Tradicionais, ocorrido no final do mês de Maio de 2008, em Guarapuava, interior do Paraná. Neste espaço de articulação, distintos grupos étnicos, a saber: xetá, guaranis, kaingangs, faxinalenses, quilombolas,benzedores e benzedeiras, pescadores artesanais, caiçaras, cipozeiras, religiosos de matriz africana e ilhéus; tais segmentos se articulam na esfera regional fornecendo condições políticas capazes de mudar as posições socialmente construídas neste campo de poder. Ademais, a conjuntura política nacional corrobora com essas mobilizações étnicas, abrindo possibilidades de vazão para as lutas sociais contingenciadas há pelo menos 3 séculos, somente no Sul do País.



segunda-feira, 16 de agosto de 2010

GOVERNO NÃO QUER ABRIR CANAL DO BOGUAÇU E CAUSA MORTE DE PESCADORES ARTESANAIS NO MAR.

Neste sabado 14 de agosto aconteceu mais um desastre na travessia que dá acesso à Ilha de Superagui, municipio de Guaraqueçaba-PR. Um barco des pescadores artesanais, afundou com 3 tripulantes à bordo, após repentina mudança de tempo na barra que dá entrada à vila. neste acidente um homem de 28 anos, que ia a passeio pra Ilha de Superagui desapareceu e segundo os pescadores também já está morto.

O problema é antigo, só de 1982 pra cá já morreram 19 pessoas em acidentes na travesia:

"..às vezes saímos de paranaguá e o mar está bem manso mas derepente caino mar um vento sul, o mar engrossa, não dá tempo de nada, voltar não dá mais, o jeito é encarar..". O depoimento é do pai da menina que desapareceu no mar em outro acidente.

O problema é antigo e poderia ser solucionado com abertura do canal do Boguaçu, antiga reivindicação dos pescadores artesanais, o que segundo o governo não pode ser feito por conta que o local da obra encontra-se em área de proteção integral - Parque Nacional de Superagui.

A morte de mais de 19 pessoas, desde 1982 pra cá, não são suficientes para que o IBAMA e o ICmbio se mobilize para o solucionar o problema. A obra de abertura do canal atinge apeans 800 metros e é de extrema necessidade para a segurança dos pescadores na travessia até paranaguá; além disso medidas compensatórias na obra poderiam evitar danos ambientais, semelhante ao que já é feito na dragaem dos canais maritimos pelo Porto de Paranaguá.

As duas questões que se colocam são: 1 - A área é de proteção integral da natureza e não da vida Humana, dentro desta lógica os pescadores podem morrer e a natureza continuar intacta. 2 - o Porto pode impactar na area com usos de medidas compensatórias, mas os pescadores artesanais não tem esse direito.

Até que o Governo - Ibama - reabra os estudos sobres a abertura do canal, os pescadores artesanais de superagui continuarão a merce do tempo, do mar e da morte e de uma legislação ambiental que não privilegia os povos e comunidades tradicionais, grande parte moradores dos espaços onde o governo criou os parques e apas.

Um comentário:

  1. Legislação ambiental vai sempre contra comunidades tradicionais... aliás, estou chegando a conclusão que o governo governa para os grandes... é lamentável. trabalho em uma comunidade tradicional no sul da Baia de Guaratuba, povo caiçara de mais de 100 anos de posse, e uma empresa madeireira consegue plantar pinus dentro da APA e expulsar a comunidade de suas raízes...

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