HISTÓRICO DA REDE PUXIRÃO

A emergência de identidades coletivas no Brasil nas últimas décadas tem revelado a existência de diversos grupos étnicos, organizados em movimentos sociais, que buscam garantir e reivindicar direitos, que sempre lhes foram negados pelo Estado. Desta forma, compreendem-se sem exaustão os motivos para o qual um país tão diverso em sua composição étnica, racial e cultural, a persistência de conflitos oriundos de distintas visões de mundo e modos de vida, que desencadeiam desde o período colonial, lutas pela afirmação das identidades coletivas, territorialidades especificas e reconhecimento dos direitos étnicos.



Na região Sul, especialmente no Paraná e Santa Catarina, a invisibilidade social é uma das principais características dos povos e comunidades tradicionais. Até pouco tempo atrás, a inexistência de estatísticas e censos oficiais fez com que estes grupos elaborassem seus levantamentos preliminares numa tentativa de afirmarem sua existência coletiva em meio a tensões, disputas e pressões que ameaçam seus diretos étnicos e coletivos garantidos pela Constituição Federal de 1988 e, diversos outros dispositivos jurídicos infraconstitucionais[1].



Destas demandas surge, na região Sul, a Rede Puxirão dos Povos e Comunidades Tradicionais, fruto do 1º Encontro Regional dos Povos e Comunidades Tradicionais, ocorrido no final do mês de Maio de 2008, em Guarapuava, interior do Paraná. Neste espaço de articulação, distintos grupos étnicos, a saber: xetá, guaranis, kaingangs, faxinalenses, quilombolas,benzedores e benzedeiras, pescadores artesanais, caiçaras, cipozeiras, religiosos de matriz africana e ilhéus; tais segmentos se articulam na esfera regional fornecendo condições políticas capazes de mudar as posições socialmente construídas neste campo de poder. Ademais, a conjuntura política nacional corrobora com essas mobilizações étnicas, abrindo possibilidades de vazão para as lutas sociais contingenciadas há pelo menos 3 séculos, somente no Sul do País.



terça-feira, 21 de dezembro de 2010

No ultimo dia 17, aconteceu o I Encontro Interestadual dos Cipozeiros e Cipozeiras

O I Encontro Interestadual dos Cipozeiros e Cipozeiras se realizou no dia 17 de dezembro em Garuva/SC, o evento foi organizado e coordenado pelo Movimento Interestadual dos Cipozeiros e Cipozeiras – MICI. Varias comunidades da região de Garuva e Guaratuba participaram, debatendo e manifestando questões relacionadas aos conflitos enfrentados pelos mesmos, pela resistencia em manter e preservar o modo de vida tradicional. O espaço contou com a participação do IAP, ICMBio, Emater-Guaratuba, Secretaria de Desenvolvimento Social de Garuva, UDESC, UFPR, Projeto Nova Cartografia Social, Coordenação das Comunidades Quilombolas Vale do Iguaçu – COREQUI e Rede Puxirão de Povos e Comunidades Tradicionais.
CARTA FINAL

I Encontro Interestadual de Cipozeiros e Cipozeiras de Santa Catarina e do Paraná

Nós, 50 representantes das comunidades de cipozeiros e cipozeiras de Riozinho, São Joãozinho, Morro Grande - município de Guaratuba, também Mina Velha, Palmital, Três Barras - município de Garuva reunidos no I Encontro Interestadual dos Cipozeiros e Cipozeiras do Paraná e Santa Catarina no dia 17 de dezembro de 2010, em Garuva - Santa Catarina, manifestamos nossa existência coletiva, organizada em nossas comunidades por meio de grupos, associações e movimento social em distintos territórios, discutimos e encaminhamos propostas para os problemas que ora enfrentamos, representados no mapeamento social lançado pelo Movimento Interestadual dos Cipozeiros e Cipozeiras durante o encontro.

Através de depoimentos, relatos, mapas e fotos, compartilhamos as situações conflituosas e tensas às quais estamos submetidos e reafirmamos nossos direitos territoriais e de garantia, acesso e permanência em nossos territórios tradicionalmente ocupados.

Denunciamos os projetos opressores, como: agronegócios de pinus, eucalipto, banana, arroz e a grande pecuária que expulsam nossas famílias da terra, destruindo as matas nativas, a nossa cultura e a sócio biodiversidade de nossa região. Assim como, as grandes propriedades que praticam os monocultivos, afetam e muitas vezes destroem nossas comunidades, bem como, impedem nossa reprodução física e social.

Afirmamos, como cipozeiros e cipozeiras, nosso compromisso na condição de agentes da preservação ambiental, porque dependemos da perpetuação dos recursos naturais para sobrevivermos. Entretanto, nossos territórios estão sendo tomados violentamente por grileiros, fazendeiros, chacareiros e empresas de monocultivos que, movidos por interesses privados, promovem a destruição das matas das quais extraímos o cipó imbé, timbopeba/liaça, baraço, bambu, musgo verde, palha/guaricana, samambaia verde, veludo, taboa, plantas e ervas medicinais, etc.

Denunciamos a violência silenciosa provocada por agentes do estado em especial as formas de regulação e controle por meio de uma fiscalização truculenta sobre os territórios das comunidades e principalmente como essa ação impacta nas práticas tradicionais dessas famílias que vivem do extrativismo, da coleta do cipó, da pesca artesanal, do pequeno roçado, etc.

Reivindicamos aos poderes constituídos o reconhecimento de nossos direitos de reproduzirmos nossa cultura (conforme Arts. 215, 216 CF, OIT 169) e a demarcação urgente de nossos territórios, segundo o que rege a Política Nacional dos Povos e Comunidades Tradicionais (Decreto 6040/2007) que é uma política pública, conquistada por nossas lutas ao longo das últimas décadas, mas que até o presente momento não se efetivou. Finalmente, indicamos nossas principais reivindicações encaminhadas pelo encontro:

1. Efetivar as políticas e ações já existentes nos governos municipais, estadual e federal;

2. Fazer valer os direitos dos cipozeiros e cipozeiras junto aos Ministérios Públicos Estaduais e Federal, bem como no judiciário e na Secretarias de Estado de Segurança em ambos os estados.

3. Continuar os convites a fazer reuniões com as comunidades para discutir todos os conflitos tomando decisões coletivas em assembléia.

4. Garantir o acesso dos povos aos territórios tradicionais para extração de cipó, palha, samambaia, palmito, etc.

5. Que os secretários de segurança pública de Santa Catarina e Paraná, orientem suas delegacias a registrarem Boletins de Ocorrência denunciados pelos cipozeiros e cipozeiras atuando na averiguação das ameaças e conflitos praticadas contra as comunidades de cipozeiros e cipozeiras.

6. Que os gestores públicos municipais desenvolvam a consciência da identidade de povos tradicionais dos cipozeiros e cipozeiras, promovendo políticas e ações voltadas a estes povos.

7. Que os gestores públicos competentes tenham consciência das legislações que tratam sobre os povos e comunidades tradicionais, antes de tomar qualquer medida, como prevê a OIT 169, decreto federal 6040, etc.

8. Que a partir das demandas das comunidades sejam propostas as criações de RESEX e RDS para garantia da sócio biodiversidade e do livre acesso das comunidades tradicionais aos recursos naturais.

Carta encaminhada para todas as prefeituras dos municipios participantes, conselhos gestores da APA de Guaratuba e Quiriri, Força Verde, Fatma, IAP , ICMBio, IBAMA, Polícia Ambiental de santa catarina, Defensoria Pública da Uniao, MPE e MPF.



Garuva, 17 de dezembro de 2010.

 
MOVIMENTO INTERESTADUAL DOS CIPOZEIROS E CIPOZEIRAS-MICI

PARANÁ E SANTA CATARINA

Informações:

http://redepuxirao.bolgspot.com

cipozeiras@bol.com.br









sábado, 18 de dezembro de 2010

Comunidades Tradicionais participaram do 1º Ciclo de Debates Florestais em Telêmaco Borba - "Debate a Construção do Paradigma das Florestas Sociais"

Nos dias 02 e 03 de dezembro realizou-se no Campus do IFPR em Telemaco Borba, evento organizado pelo Curso de Florestas cujo tema abordou o compromisso do ensino, pesquisa e extensão florestal na construção do paradigma denominado de Florestas Sociais. Tal pensamento de carater inclusivo e plural, abre a possibilidade de democratizarmos o conhecimento a partir do diálogo com a sociedade, uma vez que constata-se que desde de sua criação, no Brasil, a Ciencia florestal concentra-se em grande medida, orientada a atender interesses econômicos empresariais. Ainda que tenha assumido disciplinas relacionadas a conservação da natureza em sua matriz curricular, pouco tem se pronunciado a respeito de temas polêmicos como as mudanças no código florestal, a perda da biodiversidade e os impactos sociais dos monocultivos, especialmente de pinus e eucaliptus. Essa preocupação é agravada pelo reduzido contato e desconhecimento das instituições de ensino e pesquisa com camponeses, povos e comunidades tradicionais e seus conhecimentos tradicionais referidos a conservação e uso dos recursos naturais. Para a ciência florestal, especialmente no Sul do Brasil, esse tema é ignorado como se esses grupos não existissem, ou nada tivessem a contribuir com a sociedade e o ambiente. Em razão disso, estiveram presentes a Rede Puxirão de Povos e Comunidades Tradicionais, com representantes indígenas, faxinalenses, quilombolas, benzedeiras, cipozeiros e representantes de demais movimentos como, agricultores ecologistas, e MST, que em suas exposições manifestaram suas situações conflituosas com o agronegócio da madeira, da soja, cana-de- açúcar e gado no Paraná, bem como apresentaram suas demandas as instituições de ensino, que para além da produção se referem a conservação dos recursos naturais e da diversidade sociocultural brasileira. Na ocasião várias instituições registraram presença e contribuíram no debate, dentre elas: IAPAR, EMBRAPA, IAP, UNICENTRO e UTFPR, essa ultimas com a presença de alunos dos cursos de engenharia florestal. Paralelamente ao evento realizamos a 1ª Mostra de Trabalhos científicos e produtos da sociobiodiversidade de povos e comunidades tradicionais do Paraná e Santa Catarina.

UFPR diploma primeira aluna indígena

A primeira aluna indígena da Universidade Federal do Paraná colou grau nesta terça-feira (14). Tenile Mendes recebeu o diploma de odontologia em solenidade no gabinete do reitor.



Em cerimônia marcada pela emoção, o reitor Zaki Akel Sobrinho concedeu o grau de cirurgiã dentista para a primeira aluna indígena da UFPR. Tenile Mendes, que na língua kaigang se chama Kring Mág, estrela grande ou estrela da manhã, "porque era muito branquinha quando nasceu", será a primeira dentista em sua aldeia.

Após fazer o juramento do dentista e receber o diploma, a nova profissional se apresentou: "Eu agora sou Tenile Mendes, kaigang, cirurgiã dentista, de Chapecó, Santa Catarina, da aldeia Pinhalzinho, e agradeço a acolhida na Universidade Federal do Paraná". Agora, a cirurgiã dentista vai voltar para a aldeia, onde pretende trabalhar para ajudar sua comunidade.

Tenile ingressou na UFPR através do programa de políticas afirmativas, aprovado em 2004 e implementado no ano seguinte. No caso das cotas para índios, a UFPR tem parceria com a Funai. São dez vagas destinadas aos povos indígenas de qualquer região do país. No discurso do paraninfo, o professor Jairo Bordini Junior, que também foi tutor de Tenile, ressaltou a validade e a importância da inclusão social. "A inclusão é um caminho que deve ser seguindo e incentivado. As dificuldades quanto ao aprendizado são as mesmas para todos os alunos, mas não podia deixar que a pressão social interferisse no avanço dentro do curso. E com esforço e dedicação, a Tenile conseguiu".

Para o representante dos povos indígenas do Sul, Rildo Mendes, a iniciativa da UFPR é "um primeiro passo para o futuro", ao preparar "profissionais índios para tabalhar nas terras indígenas". Na ocasião, o reitor recebeu de Rildo um colar confeccionado na aldeia Pinhalzinho e que simboliza o desejo de um futuro de grandes conquistas na parceria entre UFPR com os povos indígenas.


A democratização do acesso à universidade, com mais alunos de diferentes comunidades sem esquecer a excelência do ensino, da pesquisa e da extensão foi lembrada pela pró-reitora de Graduação, Maria Amélia Sabbag Zainko. "É uma satisfação colher resultados de uma política colocada em prática, de excelência acadêmica com inclusão social. Ver alunos bem formados para atuar de maneira adequada, com competência e como agentes transformadores da sociedade", diz Maria Amélia.

"A formatura de Tenile vai passar para a história da UFPR", disse o reitor Akel ao parabenizar a primeira indígena a se formar na instituição. "Tenile vai fazer a diferença, é um paradigma para todos os povos, não só os indígenas, mas para todo o povo brasileiro". Ao lembrar a gestão do reitor Carlos Moreira, que implantou as políticas afirmativas, Akel afirmou que a tarefa atual é ampliar, aprofundar e fazer avançar a inclusão social, conciliando inclusão, expansão e excelência acadêmica.
Etnia: brasileira
Tenile Mendes tem 22 anos e sempre viveu na aldeia Pinhalzinho. Saiu de Chapecó e deixou a família para estudar na UFPR. É filha de uma mistura bem brasileira. A mãe, Janete, é descendente de italianos e largou tudo para viver na aldeia quando se casou com o índio kaigang Reny. Agora, é o irmão Tales quem quer seguir os passos da irmã dentista e estudar na universidade. Assim como Tales, outros jovens índios da aldeia querem seguir o exemplo de Tenile.


Lais Murakami



quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Lideranças da Rede Puxirão participam do lançamento do Prêmio Culturas Indigenas Marçal Tupay em Porto Alegre

Prêmio Culturas Indígenas encerra 3ª edição e apresenta Portal interativo com conteúdo multimídia sobre Culturas Indígenas



Lançamento do portal Rede Culturas Indígenas e anúncio dos 92 selecionados em 2010 acontecem no dia 9 de dezembro, em Porto Alegre

Iniciativa do Ministério da Cultura, através da Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural (SID/MinC), o Prêmio Culturas Indígenas Marçal Tupã-y premia, nesta terceira edição, o esforço coletivo de comunidades e organizações indígenas classificadas na edição de 2007. Foram selecionadas 92 práticas culturais, localizadas em 23 estados brasileiros e representando 104 povos. Cada uma receberá prêmio de vinte mil reais.

O Prêmio Culturas Indígenas foi criado em 2006 pelo MinC a partir de proposta do Grupo de Trabalho Indígena, atual Colegiado Setorial das Culturas Indígenas. Objetiva incentivar iniciativas de fortalecimento das expressões culturais dos povos indígenas do Brasil. É destinado exclusivamente às comunidades e organizações indígenas. Com isto pretendemos estimular o protagonismo indígena na elaboração e realização dos projetos culturais.

As três edições do Prêmio Culturas Indígenas foram patrocinadas pela PETROBRAS, através da Lei Rouanet.

Esta terceira edição é realizada pela Articulação dos Povos Indígenas do Sul (Arpinsul) em parceria com a SID/MinC.

Entre os parceiros que ajudaram a consolidar a iniciativa conjunta do MinC e de organizações indígenas está o Serviço Social do Comércio de SP (SESC-SP), que produziu os catálogos 2006/2007.

MARÇAL TUPÃ-Y – A cada edição o Prêmio Culturas Indígenas homenageia um líder indígena reconhecido pela luta em favor dos direitos dos povos indígenas. A III Edição relembra o líder guarani Marçal Tupã-Y, assassinado em 25 de novembro de 1983 em função de sua liderança na luta pela demarcação das terras indígenas. O Prêmio Culturas Indígenas já homenageou o líder Kaingang Ângelo Cretã e o cacique Xicão Xukuru, respectivamente em 2006 e 2007.

CULTURA INDÍGENA NA REDE - O portal Rede Culturas Indígenas será um dos espaços pioneiros na Internet brasileira focado nas culturas indígenas. A partir do portal, as comunidades e organizações indígenas, além do público em geral, poderão acessar diversos conteúdos relativos às praticas culturais dos povos indígenas do Brasil e também ferramentas interativas voltadas para divulgação da produção cultural dos povos indígenas.

O acervo de todas as iniciativas que participaram das edições 2006 e 2007 do Prêmio Culturas Indígenas estarão disponibilizadas no portal. O visitante poderá consultar o conteúdo dos catálogos publicados e conhecer através de textos, mapas, fotos e quadros estatísticos as 1.167 inscrições.

Além de possibilitar o acesso ao histórico do Prêmio e aos produtos gerados por ele, o Portal Rede Culturas Indígenas será alimentado com novas produções áudio-visuais, notícias, debates, fotografias, entre outros produtos e ações sugeridos pelas comunidades e organizações indígenas e pelos parceiros indigenistas assim como universidades e apoiadores do movimento indígena.

“O portal é importantíssimo porque divulga a agenda do movimento indígena, mostra o que as comunidades estão fazendo e que há uma diversidade cultural. O não índio ainda sabe muito pouco sobre os indígenas e o portal vai ajudar a mostrar que não somos todos iguais”, diz Cretã, coordenador administrativo e de articulação da Arpin –organização articuladora da criação do portal juntamente com o Prêmio Culturas Indígenas.

MOBILIZAÇÃO - As diversas dimensões das realidades vividas pelos povos indígenas atualmente no Brasil estarão como conteúdo no portal em forma de temas como religião, músicas, canto, dança, narrativas orais, medicina e culinária tradicionais, jogos e brincadeiras, entre outros assuntos.


Para Mauricio Fonseca, coordenador do Prêmio, o portal vai ao encontro da necessidade de lideranças e organizações indígenas atuarem em conjunto e fortalecerem o movimento em torno de políticas públicas para as comunidades indígenas.

Cretã também afirma que a Internet é ferramenta indispensável nesta mobilização. “ A Internet ajuda a circular as informações sobre o movimento e as organizações indígenas estão conscientes que é um instrumento para ajudar no nosso fortalecimento”, explica.

O portal segue a mesma filosofia do Prêmio Culturas Indígenas no que se refere ao fortalecimento da identidade cultural e no incentivo ao protagonismo indígena. Um exemplo é a sessão exclusiva para que as organizações, comunidades e blogueiros insiram conteúdo no portal. Significa que os representantes de cada povo indígena poderá apresentar novos conteúdos e propor alterações ao conteúdo publicado.

“Desta forma a história e a identidade cultural de cada povo vai sendo apresentada ao mundo pelos seus protagonistas”, acrescentou Mauricio. Além de criar canais de comunicação indígenas, o portal quer fortalecer e ampliar as experiências promovidas nas aldeias com as novas tecnologias. Para 2011, o projeto pretende realizar nas cinco regiões brasileiras oficinas de construção de blogs, sites, portais indígenas e registros áudio-visuais que abordem a realidade sócio-cultural das comunidades indígenas.

“Este portal é a concretização de todo os esforço e conquista da política cultural dos povos indígenas realizada nesses oito anos de governo Lula”, declara Américo Córdula, Secretário da Identidade e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura.


SERVIÇO:
Anúncio da premiação dos selecionadas da terceira edição do Prêmio Culturas Indígenas e lançamento do Portal Rede Culturas Indígenas
Dia: 9 de dezembro
Hora: 19h30
Local: Auditório 09 da Pontifícia Universidade Católica de Porto Alegre (RS) . Av. Ipiranga , 6681 – Partenon. (51) 3320 3500
Endereço do Portal: www.culturasindigenas.org

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Crianças e adolescentes da Rede Puxirão discutem mudanças climáticas em encontro que acontece entre os dias 6 e 8 de dezembro no Centro Cultural de Brasília

Encontro Mudanças Climáticas: nossa vida está em jogo!

 
Enquanto acontece a Conferência do Clima em Cancun, cerca de 30 crianças e adolescentes de várias parte do Brasil se reúnem em Brasília, entre os dias 6 e 8 de dezembro, para participar do encontro “Mudanças Climáticas: nossa vida está em jogo”, realizado pela Coordenadoria Ecumênica de Serviço (CESE). As crianças participantes são membros de comunidades tradicionais, indígenas, quilombolas, sem-terra, do semi-árido, das grandes cidades, Cerrado e Amazônia e têm entre 12 e 16 anos.

A intenção do encontro é manifestar a preocupação das crianças e adolescentes brasileiras para com os desafios trazidos pelas mudanças climáticas no Brasil e no mundo. Eles também vão cobrar dos parlamentares brasileiros, através de visitas ao Congresso, um verdadeiro compromisso do poder público para com estas mudanças que atingem os mais diferentes biomas, comunidades tradicionais e moradores de periferias das grandes cidades.

Nos encontros preparatórios do evento, foi sugerida uma atividade, que fazia o seguinte questionamento: “Considerando os desafios do momento presente, que palavras você escolheria para escrever na Bandeira do Brasil?”. A questão foi respondida de várias maneiras e durante o encontro em Brasília, caberá aos/as participantes escolher então algumas destas palavras e pintar em uma grande bandeira do Brasil que será levada ao Congresso Nacional. As crianças também levarão para cara um dos congressistas exemplares do jogo “Mudanças Climáticas: Nossa vida está em Jogo”.

Dinâmica do Encontro

As crianças e adolescentes que participam do encontro já tiveram reuniões preparatórias em suas comunidades e puderam conversar sobre as condições sócio-ambientais de diversos biomas e realidades do Brasil. Em Brasília, o evento será realizado no Centro Cultural de Brasília, onde as crianças devem apresentar informações sobre o seu lugar e a sua vida para as outras participantes. Haverá oportunidade para debate e assim poderão definir as prioridades e as palavras que deverão ser colocadas na bandeira do Brasil.

Depois das discussões no CCB, os participantes vão visitar o Congresso Nacional para apresentar o Jogo “Mudanças Climáticas Nossa vida está em Jogo”, além de mostrar suas propostas, reivindicações e manifestações aos Parlamentares e representantes do Governo Brasileiro e imprensa.

O jogo “Mudanças Climáticas Nossa vida está em Jogo” é uma maneira lúdica de colocar o assunto das mudanças na pauta das crianças e adolescentes. Eles aprendem e discutem sobre o assunto de forma divertida e acabam obtendo mais informações para contribuir para preservação do planeta Terra.

Participantes:

Grupo Cultural Afroreggae – Crianças e adolescentes da periferia do Rio de Janeiro; INESC – Projeto Criança e Parlamento; MST (Movimento Sem Terra) – Trabalho com os sem terrinha; CIR (Conselho Indígena de Roraima) – Escola indígena da Reserva Raposa Serra do Sol; APOINME (Articulação dos Povos Indígenas do NE, MG e ES) – Trabalho com adolescentes do povo Pitaguari; CPI (Comissão Pró-Índio de SP) – adolescentes Aldeia Guarani em São Paulo; CAA NM (Centro de Agricultura do Norte de Minas) – Adolescentes da Escola Geraizeira da Reserva Extrativista da Fazenda Tapera; MOC (Movimento de Organização Comunitária) – Adolescentes do semi-árido da Bahia, que participaram do intercâmbio das Águas em 2009; Rede Puxirão – Crianças e adolescentes de Comunidades Tradicionais (pescadores e quilombolas) do sul do Brasil; CAJU (Casa da Juventude) Goiânia; Escola Ambiental Padre Lancísio – Silvânia - Goiás

Convidados:

Carlos Dayrell: Engenheiro agrônomo, coordenador do Centro de Agricultura do Norte de Minas. Em 1975, foi ele o jovem estudante que salvou uma árvores prestes a ser derrubada em Porto Alegre. Uma grande multidão se formou na frente da Faculdade de Direito da UFRGS, em uma das principais vias da cidade, a avenida João Pessoa. Funcionários da Secretaria Municipal de Obras estavam cortando dezenas de árvores para construir o viaduto Imperatriz Leopoldina. Carlos Dayrell, sócio da Agapan - Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural, subiu numa Tipuana (Tipuana tipa) para impedir o trabalho das motosserras. Ela está lá até hoje. O protesto terminou na delegacia de polícia política. Foi notícia nos principais jornais do mundo. Naquela época, impedir o corte de árvores era crime contra a segurança nacional. “De minha parte, colocaria como marco inicial de um movimento ecopolítico no Brasil a a ação Carlos Dayrell”, escreveu Alfredo Sirkis no apêndice da edição brasileira do livro Rumo ao Paraíso — A história do movimento ambientalista, de John McCormick.

Bené Fonteles: Artista plástico, músico e poeta paraense radicado em Brasília. Inicia-se como artista plástico e compositor no começo da década de 70 em Fortaleza - CE, onde também se torna jornalista e editor de arte. Em 1972, inicia trabalho de animação cultural, curadoria e montagem de mostras por quase todo o país. Entre 1983 e 1986 dirigiu o Museu de Arte da Universidade Federal de Mato Grosso onde desenvolve trabalho ligado a multimídia e ecologia. Sua atuação neste estado onde passa quase toda a década de 80, resulta na criação da Associação Mato-grossense de Ecologia, do Movimento Artistas pela Natureza, do Parque Nacional da Chapada dos Guimarães e das campanhas em defesa do Pantanal e Pelo Respeito aos Direitos Indígenas. A sua atuação como coordenador do Movimento Artistas pela Natureza o faz viver desde 1991 em Brasília e atuar com várias ongs e instituições oficiais, nacionais e internacionais para a realização de projetos de arte e educação ambiental em defesa dos mananciais hídricos.